09 setembro 2008


Uma história constrói-se assim, homenageando quem deixa marca, sem excessivas reverências, analisando o passado, construindo o presente e projectando o futuro. Foi nisto que constituiu a homenagem a José Saramago, segundo as suas próprias palavras “escritor e comunista”.

E naquele momento, breve, apinhado, a Festa e o Partido descreveram-se a si próprios.

31 agosto 2008


Mais uma vez foram os olhos.

Os primeiros transbordavam um misto de candura e resignação. Aquela mesma candura que sempre me acariciara a face com umas mãos tão carnudas quanto meigas. A resignação chegou com as maleitas. Muitas, que esta vida teve pouco de fácil.

Meses depois foram aqueles que ainda me assombram. Já vazios e petrificados mas plenos de força, daquela estirpe que mesmo derrotada não se rende. Uma lágrima apenas e um braço que se levantou para abrir e fechar uma mão em despedida. A voz já não existia, só uma respiração inquieta e inconformada. Os olhos, novamente os olhos, abertos, imóveis, são a imagem que me ofusca as outras memorias. 

Olhos perdidos, sim. Perdidos no tempo, que o juízo tem destas coisas. Quanto mais longe mais perto quer chegar. Perdidos mas meigos como poucas vezes os tinha visto. Foi aí que me apercebi do peso que uma vida pode ter. 

Num instante seguinte, olhos aflitos por nunca mais se fecharem. Olhos que se viram impotentes com o partir dos olhos de sangue, e olhos que de tanto ansiar também partiram.

Ontem entrei no quarto, procurei na cama ao fundo distinguir um corpo e fui incapaz. Só mais perto, e lá estava não metade do homem, mas metade do corpo. Os olhos, já com menos brilho, resignados a uma partida breve.

Aliás, são sempre os olhos.

28 junho 2008

Conheci o Alberto algures através do extinto fotopt e ainda hoje continuo sem saber qual o motivo que o levou a convidar-me para entrar no alt, um site que entretanto resolveu construir. Depois fez um blog, e agora fez o livro do blog.

Isto escrito assim parece uma coisa banal.
Acreditem que não é.


01 junho 2008



A Cooperativa de Comunicação e Cultura de Torres Vedras inaugura, no dia 06 de Junho, pelas 22 horas, na rua da Cruz, nº.9, "ein moment bitte", uma exposição do fotografo Luis Farrolas.



"ein moment bitte - é um projecto fotografico sobre a solidão das viagens, sobre a surpresa, sobre o reflexo de quem viaja em sítios estrangeiros - no sentido de estranhos, no sentido de serem sítios "lá".

A imagem que se tem de um sítio é tanto aquilo que se vê como aquilo que já se sabe sobre "lá" antes de nos deslocarmos. O ein moment bitte é sobre os sítios "lá" e (claro) sobre mim. Nos momentos em que posso parar para olhar."

Luis Farrolas, Santa Cruz, Maio 2008.

23 abril 2008

Demorou, mas finalmente consegui ver o Nick Cave e as suas sementes ruins em concerto. Tenho a confessar-vos que é para mim muito reconfortante saber que ainda fazem barulho como ninguém.

“E agora, o que querem ouvir?”

14 abril 2008

Não bebeu café nem pintou os lábios. Deixou o roupão sobre a cama, lavou a boca com sabão macaco e penteou-se com um piaçá.

23 fevereiro 2008

Conheci-o algures entre duas palavras enquanto bebia um chá saborosamente quente. Fez-me companhia alguns minutos, os bastantes para sussurrar 3 frases anti-imperialistas, anti-monopolistas e anti outra coisa qualquer de que entretanto se esquecera.

Vi-o ontem. Está na mesma. 

31 janeiro 2008

Barreiro, 27 de Novembro de 2004

Enquanto, num misto de preguiça e descrença, deixo acumular negativos por revelar, perco umas horas a redigitalizar alguns fotogramas antigos, numa tentativa de arrumar pastas e ideias.