A partida, pelas 7:45 no Barreiro abria o dia. Até aí o sonambulismo conduzia-me mudo. Uma busca apressada pelas cabeças que me rodeiam marca o despertar. Já tinham entrado e esperavam-me na varanda. Alguns conheço há anos, outros apareceram ontem conhecidos de um conhecido, hoje amigos, mas todos nós passageiros daquela varanda de sol sobre o tejo.
Lá dentro, os bancos corridos costas com costas e um átrio de entrada transformado em mesa de sueca, ajudaram a marcar uma época em que o longo e majestoso percurso entre margens era suavizado pela companhia.
Pela tarde, já depois das seis, encontro marcado na rua do crucifixo, junto à boca do metro. Após um passeio mais ou menos apressado, são tantas as vezes que o estômago nos impele para um salgado ou um gelado consoante a temperatura, a varanda espera-nos novamente. O grupo muda de viagem para viagem, a conversa é a mesma de sempre.
Este ritual terminou com a chegada das novas embarcações. Sem varanda, com todas as cadeiras alinhadas com a proa, o conforto agora sobrepõe-se ao convívio.
Não encontro entre o meu ror de defeitos o saudosismo, mas que o progresso tem uma certa tendência em retirar o sal dos dias parece-me pouco discutível.
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