Álvaro é um amigo que viaja com alguma frequência. Afazeres profissionais, mas principalmente a volúpia, fizeram-no percorrer caminhos em várias partes do mundo. Alguns dos destinos já estão mais certos que outros, e em Havana e Paris encontrou amigos que visita com a regularidade possível. Na sua última viagem a Cuba calhou-lhe em sorte a companhia de uma jovem porto-riquenha que seguia até à Venezuela. Sentiu alguém sentar-se a seu lado, abriu os olhos, e o seu benfiquismo exacerbado recusou desviar o olhar de uma blusa vermelha de decote decentemente insidioso.
Ainda no início das muitas horas em que o voo cruza o Oceano, Consuelo mete conversa, naquele estilo ibero-americano alegre de viver, e compartilha algumas das suas histórias com o meu amigo. Trabalha em Caracas, no sopé do Ávila, há já dois anos. Nem parecia tanto tempo, desde que abandonou as fortalezas de San Juan, para seguir uma amiga com quem compartilha um apartamento. Toca piano e quando pode dá aulas, diz ela, enquanto ele não baixa guarda aos olhos de verdes de Consuelo - Eram um consolo, juro-te! O Álvaro é um tipo fechado, pouco fala, e muito menos de si, mas aos poucos é-lhe arrancada a profissão. É bancário, solteiro, e padece de uma misoginia mal resolvida. Afinal até gosta de mulheres, mas companhia certa é não é coisa que admita no seu espaço, onde até tem um Steinway onde assustadoramente martela Chopin. Já perto do fim da viajem, Consuelo confidencia que trabalha num cabaret frequentado pelas elites endinheiradas venezuelanas. Álvaro vai revisitar Havana, onde por hábito deambula as horas pela Cidade Antiga. Despreza Varadero, e o seu sonho é bombardear Guantánamo, e Consuelo confessa-se admiradora de Fidel, apaixonada por Che. Falam da vida cá e de lá, trocam endereços, e Álvaro começa a questionar se os seus 15 dias serão suficientes para ir a Caracas, só de fugida, um dia ou dois, não mais. Um copo mais tarde já tinha tudo combinado, Consuelo espera-o daí a 10 dias.
Começam a descer, e o Álvaro recebe um beijo de “boa sorte”, que retribui, completando a descida de mão na mão e olhos cerrados. Ainda hoje, apesar das muitas horas de voo, nunca superou o pavor – Esta estupidez é só nas aterragens, já viste? Não, infelizmente nunca viajámos juntos. As rodas tocam no solo, a travagem, o caminho até à gare e a calma regressa. Desapertam os cintos, levanta-se, recolhe a sua bagagem de mão e uma pequena mala bem colorida e perfumada. Ela agradece com um sorriso esperançoso. As portas já abriram e é quando começam penosamente a percorer a coxia em direcção a uma das portas que repara. Consuelo, atrás de si e amparada pelos bancos, cambaleia ligeiramente. É alta, e tal como ele, as muitas horas de imobilidade podem provocar aquele formigueiro dormente que tantas vezes o atormenta às chegadas. É finalmente em plena pista que conhece Consuelo.
-Puta que pariu, a gaja é coxa!
Ainda no início das muitas horas em que o voo cruza o Oceano, Consuelo mete conversa, naquele estilo ibero-americano alegre de viver, e compartilha algumas das suas histórias com o meu amigo. Trabalha em Caracas, no sopé do Ávila, há já dois anos. Nem parecia tanto tempo, desde que abandonou as fortalezas de San Juan, para seguir uma amiga com quem compartilha um apartamento. Toca piano e quando pode dá aulas, diz ela, enquanto ele não baixa guarda aos olhos de verdes de Consuelo - Eram um consolo, juro-te! O Álvaro é um tipo fechado, pouco fala, e muito menos de si, mas aos poucos é-lhe arrancada a profissão. É bancário, solteiro, e padece de uma misoginia mal resolvida. Afinal até gosta de mulheres, mas companhia certa é não é coisa que admita no seu espaço, onde até tem um Steinway onde assustadoramente martela Chopin. Já perto do fim da viajem, Consuelo confidencia que trabalha num cabaret frequentado pelas elites endinheiradas venezuelanas. Álvaro vai revisitar Havana, onde por hábito deambula as horas pela Cidade Antiga. Despreza Varadero, e o seu sonho é bombardear Guantánamo, e Consuelo confessa-se admiradora de Fidel, apaixonada por Che. Falam da vida cá e de lá, trocam endereços, e Álvaro começa a questionar se os seus 15 dias serão suficientes para ir a Caracas, só de fugida, um dia ou dois, não mais. Um copo mais tarde já tinha tudo combinado, Consuelo espera-o daí a 10 dias.
Começam a descer, e o Álvaro recebe um beijo de “boa sorte”, que retribui, completando a descida de mão na mão e olhos cerrados. Ainda hoje, apesar das muitas horas de voo, nunca superou o pavor – Esta estupidez é só nas aterragens, já viste? Não, infelizmente nunca viajámos juntos. As rodas tocam no solo, a travagem, o caminho até à gare e a calma regressa. Desapertam os cintos, levanta-se, recolhe a sua bagagem de mão e uma pequena mala bem colorida e perfumada. Ela agradece com um sorriso esperançoso. As portas já abriram e é quando começam penosamente a percorer a coxia em direcção a uma das portas que repara. Consuelo, atrás de si e amparada pelos bancos, cambaleia ligeiramente. É alta, e tal como ele, as muitas horas de imobilidade podem provocar aquele formigueiro dormente que tantas vezes o atormenta às chegadas. É finalmente em plena pista que conhece Consuelo.
-Puta que pariu, a gaja é coxa!
2 comentários:
Malandreco! Que jeito teu para escrever! Acontecem coisas piores..mas esse coxear e o "benfiquismo exacerbado" estão demais.
Ah, grande foto tambem. Não tenho nenhuma assim, mas prometo q pa proxima vou tirar..:P
Um abraço!
Apelo em divulgação na internet:
'CAIXOTE DO LIXO'... NÃO!!!
Legítimo Direito a ÚTEROS ARTIFICIAIS... SIM!!!
Nas Sociedades Tradicionalmente Poligâmicas apenas os machos mais fortes é que possuem filhos.
No entanto, para conseguirem SOBREVIVER, muitas sociedades tiveram necessidade de mobilizar/motivar os machos mais fracos no sentido de eles se interessarem/lutarem pela preservação da sua Identidade.
De facto, analisando o Tabú-Sexo (nas Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas) chegamos à conclusão de que o verdadeiro objectivo do Tabú-Sexo era proceder à integração social dos machos sexualmente mais fracos -> Ver O Tabú-Sexo.
{http://tabusexo.blogspot.com/}
Com o fim do Tabú-Sexo a percentagem de machos sem filhos aumentou imenso...
As Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas têm de Assumir a sua História!!!... Isto é, estas sociedades não podem continuar a tratar os machos sexualmente mais fracos como sendo o CAIXOTE DO LIXO da sociedade!!!... Isto é, os machos ( dotados de Boa Saúde... ) rejeitados pelas fêmeas devem possuir o LEGÍTIMO Direito de ter acesso a Úteros Artificiais.
{{nota: deve ser considerado uma Investigação Cientifica Prioritária}}
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